Antiarrítmicos (Controle de Ritmos Cardíacos)
Os antiarrítmicos são usados para tratar anormalidades no ritmo cardíaco, como bradicardias, taquicardias e fibrilações. Cada medicamento é indicado para situações específicas, com base no tipo e gravidade da arritmia e nas condições clínicas do paciente.
Amiodarona
O que é?
Antiarrítmico de classe III que prolonga o potencial de ação cardíaco, estabilizando os impulsos elétricos.Indicações:
- Fibrilação atrial (FA): Para controle do ritmo em FA estável.
- Taquicardia ventricular (TV): Prevenção e tratamento de arritmias ventriculares graves.
- Parada cardíaca: Em arritmias ventriculares refratárias à desfibrilação (Protocolo ACLS).
Por que usar?
- Eficaz em arritmias supraventriculares e ventriculares.
- Oferece estabilidade elétrica sem depressão significativa da contratilidade cardíaca.
Quando evitar:
- Hipotensão severa ou bradicardia grave.
- Uso prolongado pode causar toxicidade pulmonar, hepática e tireoidiana.
Comparação:
- Preferida em arritmias graves e complexas devido à sua eficácia ampla.
Adenosina
O que é?
Antiarrítmico de classe V que age interrompendo temporariamente os impulsos elétricos no nó AV (atrio-ventricular).Indicações:
- Taquicardia supraventricular paroxística (TSVP): Primeira linha para reversão rápida ao ritmo sinusal.
Por que usar?
- Ação extremamente rápida (meia-vida de segundos).
- Diagnóstico diferencial em taquicardias de QRS estreito.
Quando evitar:
- Em pacientes com bloqueio AV de segundo ou terceiro grau sem marcapasso.
- Uso cauteloso em pacientes com asma grave (pode causar broncoespasmo).
Comparação:
- Ideal para crises agudas e diagnósticos rápidos, mas não é usada para controle prolongado.
Atropina
O que é?
Antagonista muscarínico que aumenta a frequência cardíaca ao inibir o sistema parassimpático.Indicações:
- Bradicardia sintomática: Elevação rápida da frequência cardíaca em emergências.
- Bloqueios AV: Alívio temporário até intervenção definitiva.
Por que usar?
- Restaura a frequência cardíaca em emergências hemodinâmicas.
- Fácil administração e rápido início de ação.
Quando evitar:
- Não é eficaz em bradicardias associadas a bloqueios AV de alto grau ou causas não relacionadas ao sistema parassimpático.
Comparação:
- Primeira escolha em bradicardias sintomáticas agudas, mas com benefícios limitados em bloqueios severos.
Lidocaína
O que é?
Antiarrítmico de classe Ib que estabiliza as membranas celulares ao bloquear os canais de sódio rápidos.Indicações:
- Taquicardia ventricular (TV): Alternativa à amiodarona.
- Parada cardíaca por fibrilação ventricular ou taquicardia ventricular refratária: Usada quando a amiodarona não está disponível ou não é eficaz.
Por que usar?
- Reduz a excitabilidade ventricular sem causar efeitos significativos na condução supraventricular.
- Rápida ação no tecido isquêmico ventricular.
Quando evitar:
- Bradicardia ou disfunção nodal significativa.
- Uso cauteloso em insuficiência hepática (metabolismo alterado).
Comparação:
- Menos eficaz que a amiodarona em prevenir arritmias recorrentes após um evento cardíaco grave.
Propranolol
O que é?
Um beta-bloqueador não seletivo que reduz a frequência cardíaca e a contratilidade ao inibir os receptores beta-1 e beta-2.
Indicações:
- Taquiarritmias supraventriculares: Controle da frequência em fibrilação ou flutter atrial.
- Arritmias associadas à ansiedade ou estresse: Redução de episódios desencadeados por estimulação adrenérgica.
- Controle de hipertensão com arritmia associada: Efeito duplo de anti-hipertensivo e controle de ritmo.
Por que usar?
- Eficaz na redução de frequência cardíaca e controle de arritmias supraventriculares.
- Benefícios adicionais em condições associadas à hipertensão e enxaquecas.
Quando evitar?
- Em pacientes com asma ou DPOC grave (risco de broncoespasmo).
- Em bradicardia severa ou insuficiência cardíaca descompensada.
Comparação:
- Propranolol é mais utilizado em arritmias supraventriculares e condições de ansiedade, enquanto metoprolol é preferido em casos com risco pulmonar menor.
Diltiazem
O que é?
Um bloqueador de canais de cálcio não di-hidropiridínico que reduz a frequência cardíaca ao prolongar a condução no nó AV.
Indicações:
- Fibrilação atrial ou flutter atrial: Controle da frequência em pacientes estáveis.
- Taquicardia supraventricular: Como alternativa à adenosina ou beta-bloqueadores.
Por que usar?
- Controla a frequência cardíaca sem causar depressão significativa da contratilidade.
- Útil em pacientes intolerantes a beta-bloqueadores.
Quando evitar?
- Em insuficiência cardíaca com fração de ejeção reduzida (risco de piora do débito cardíaco).
- Em bloqueios AV de segundo ou terceiro grau sem marcapasso.
Comparação:
- Preferido em arritmias supraventriculares quando beta-bloqueadores estão contraindicados; menos eficaz em arritmias ventriculares.
Resumo Comparativo de Situações Clínicas
Fibrilação atrial: Amiodarona ou Diltiazem – Amiodarona estabiliza o ritmo; diltiazem controla a frequência sem deprimir contratilidade.
Taquicardia supraventricular paroxística (TSVP): Adenosina ou Diltiazem – Adenosina reverte rapidamente ao ritmo sinusal; diltiazem como alternativa para controle da frequência.
Bradicardia sintomática: Atropina – Aumenta a frequência cardíaca imediatamente.
Taquicardia ventricular refratária: Amiodarona ou Lidocaína – Amiodarona é preferida; lidocaína é alternativa eficaz.
Parada cardíaca com FV ou TV: Amiodarona ou Lidocaína – Amiodarona é de primeira linha; lidocaína para situações refratárias.
Arritmias associadas à ansiedade ou estresse: Propranolol – Reduz a frequência cardíaca e controla sintomas adrenérgicos.
Controle de frequência em fibrilação atrial com hipertensão: Propranolol ou Diltiazem – Ambos são eficazes, com escolha guiada pela tolerância do paciente.
Cada antiarrítmico tem uma indicação clara e precisa, com a escolha dependendo do tipo de arritmia, condição clínica subjacente e tolerância do paciente.