Analgésicos Potentes (Controle da Dor Aguda e Crônica)
Os analgésicos potentes desempenham papel crucial no manejo da dor em pacientes críticos, sejam em situações agudas ou crônicas. Cada medicamento tem indicações específicas, e a escolha depende da intensidade da dor, da condição clínica do paciente e do contexto (emergência, UTI ou manejo crônico).
Fentanila
O que é?
Um opioide sintético altamente potente, com início de ação rápido e duração curta.Indicações:
- Dor intensa aguda em emergências (e.g., infarto do miocárdio, traumas).
- Procedimentos curtos e dolorosos (e.g., intubação, drenagem de abscesso).
- Sedação associada em UTI para pacientes em ventilação mecânica.
Por que usar:
- Início de ação rápido (1-2 minutos IV), útil em emergências.
- Baixo risco de liberar histamina, comparado à morfina (menos prurido e hipotensão).
- Ideal para controle da dor em sedação contínua, pois é fácil de ajustar.
Situações específicas:
- Paciente em dor severa pós-cirúrgica ou em ventilação mecânica: Melhor escolha devido ao rápido efeito e facilidade de titulação.
- Paciente instável hemodinamicamente: Melhor tolerado do que a morfina, devido ao menor impacto cardiovascular.
Alternativa:
- Para dor prolongada ou crônica, usar Morfina ou Metadona.
Morfina
O que é?
Um opioide clássico usado no manejo da dor moderada a severa, com duração mais longa que a fentanila.Indicações:
- Controle da dor crônica em pacientes internados.
- Dor aguda de intensidade severa (e.g., crises de angina ou IAM).
- Alívio de dispneia em pacientes com edema agudo de pulmão ou câncer terminal.
Por que usar:
- Efeito analgésico prolongado, útil em dor de longa duração.
- Propriedade vasodilatadora, benéfica em insuficiência cardíaca aguda ou edema pulmonar.
Situações específicas:
- Paciente com dor intensa e contínua, como câncer avançado: Escolha ideal devido ao efeito prolongado.
- Paciente com insuficiência respiratória secundária a edema pulmonar: Melhora o desconforto respiratório.
Quando evitar:
- Em casos de hipotensão ou instabilidade hemodinâmica, pois pode causar vasodilatação e hipotensão.
- Alternativa: Fentanila para maior estabilidade cardiovascular.
Tramadol
O que é?
Um analgésico opioide de potência moderada, com ação multimodal que também envolve inibição da recaptação de serotonina e norepinefrina.Indicações:
- Controle de dor moderada, especialmente em contexto ambulatorial.
- Dor neuropática ou crônica, devido à sua ação em neurotransmissores.
Por que usar:
- Menor risco de depressão respiratória do que opioides potentes como fentanila ou morfina.
- Boa escolha para pacientes em transição para analgesia menos potente.
Situações específicas:
- Paciente com dor moderada pós-operatória: Alternativa mais segura e menos invasiva.
- Paciente com dor neuropática ou crônica leve a moderada: Efeito complementar nos neurotransmissores.
Quando evitar:
- Pacientes com histórico de convulsões, pois aumenta o risco de crises.
- Alternativa: Morfina ou Metadona para dor severa.
Metadona
O que é?
Um opioide sintético de longa duração, também utilizado no manejo de dependência de opioides.Indicações:
- Controle da dor crônica e severa, especialmente em câncer terminal.
- Manejo da abstinência de opioides em programas de reabilitação.
Por que usar:
- Efeito analgésico de longa duração (6-12 horas), ideal para dor persistente.
- Propriedades que ajudam a reduzir a tolerância a outros opioides.
Situações específicas:
- Paciente com dor oncológica de longa duração: Evita a necessidade de administração frequente.
- Paciente em reabilitação de opioides: Auxilia na desintoxicação controlada.
Quando evitar:
- Pacientes com risco de prolongamento do intervalo QT no ECG, pois aumenta o risco de arritmias.
- Alternativa: Fentanila para dor aguda e rápida resolução.
Cetamina
O que é?
Um analgésico dissociativo e anestésico com propriedades únicas, incluindo manutenção da respiração espontânea.Indicações:
- Dor severa resistente a opioides, especialmente em queimaduras ou traumas.
- Sedação associada em procedimentos rápidos (e.g., intubação).
- Controle de dor em pacientes com instabilidade hemodinâmica.
Por que usar:
- Não causa depressão respiratória, sendo seguro em pacientes instáveis.
- Efeito analgésico e sedativo combinado, útil em situações críticas.
- Mantém a estabilidade cardiovascular.
Situações específicas:
- Paciente com dor severa de trauma e instabilidade hemodinâmica: Escolha ideal pela segurança respiratória e cardiovascular.
- Paciente queimado em procedimentos de curativos: Reduz dor e ansiedade durante a troca de curativos.
Quando evitar:
- Pacientes com hipertensão intracraniana ou doenças psiquiátricas, pois pode causar delírios ou exacerbação de sintomas.
- Alternativa: Fentanila para dor aguda com necessidade de rápida sedação.
Oxicodona
O que é?
- A oxicodona é um opioide semissintético utilizado no controle da dor moderada a severa. Possui uma ação analgésica potente devido à ligação com os receptores opioides mu no sistema nervoso central.
Indicações:
- Dor crônica não oncológica (ex.: artrite reumatoide, neuropatias).
- Dor oncológica que não responde a analgésicos mais fracos.
- Alternativa em dor pós-operatória quando há necessidade de analgesia prolongada.
Por que usar?
- Eficaz para dor persistente e de difícil manejo.
- Formulações de liberação controlada oferecem analgesia contínua e melhoram a adesão do paciente ao tratamento.
Quando evitar:
- Insuficiência respiratória grave (risco de depressão respiratória).
- Pacientes com histórico de dependência ou abuso de opioides.
- Insuficiência hepática severa, que pode alterar a metabolização do medicamento.
Comparação:
Oxicodona vs. Morfina:
- Oxicodona: Melhor tolerância oral e menos efeitos colaterais gastrointestinais. Ideal para dor crônica em pacientes ambulatoriais.
- Morfina: Preferida em dor aguda ou no manejo hospitalar com necessidade de analgesia intravenosa.
Oxicodona vs. Fentanila:
- Oxicodona: Usada mais comumente para controle ambulatorial de dor crônica.
- Fentanila: Escolhida em situações de dor severa aguda ou manejo em UTI devido à ação rápida e potência elevada.
A oxicodona complementa os analgésicos potentes, especialmente para manejo domiciliar e dor crônica que exige analgesia contínua e estável.
Resumo Comparativo de Situações Clínicas
Analgésicos Potentes (Controle da Dor Aguda e Crônica)
- Dor severa em emergência (trauma/IAM): Fentanila – Ação rápida, fácil de ajustar.
- Dor severa contínua ou crônica: Morfina ou Metadona – Efeito prolongado, ideal para controle contínuo.
- Dor moderada a moderada-severa: Tramadol – Boa escolha ambulatorial; menos efeitos graves.
- Dor severa resistente ou trauma grave: Cetamina – Preserva respiração e estabilidade cardíaca.