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Anticoagulantes e Trombolíticos

Os anticoagulantes e trombolíticos são medicamentos críticos para prevenir ou tratar a formação de coágulos em várias condições clínicas. A escolha do agente depende do contexto clínico, dos riscos de sangramento e das características específicas de cada fármaco.

 

 

Anticoagulantes

Heparina Não Fracionada (HNF)

  • O que é?
    Um anticoagulante que inibe a trombina e o fator Xa, prevenindo a formação de novos coágulos e o crescimento de coágulos existentes.

  • Indicações:

    • Trombose Venosa Profunda (TVP): Previne a progressão do trombo.
    • Embolia Pulmonar (EP): Tratamento inicial para estabilizar o paciente.
    • Angioplastia coronariana: Como anticoagulante durante o procedimento.
  • Por que usar?

    • Efeito imediato ao ser administrado intravenosamente.
    • Monitoramento com tempo de tromboplastina parcial ativada (TTPa) permite ajustes finos.
  • Quando evitar:

    • Alto risco de sangramento ou trombocitopenia induzida por heparina (HIT).
  • Alternativa:

    • Enoxaparina é preferida em situações onde monitoramento contínuo não é viável.

 

 

Enoxaparina

  • O que é?
    Uma heparina de baixo peso molecular que inibe preferencialmente o fator Xa, com menor efeito sobre a trombina.

  • Indicações:

    • Profilaxia de TVP: Em pacientes imobilizados ou pós-operatório.
    • Tratamento de trombose e embolia pulmonar: Quando o paciente é hemodinamicamente estável.
    • Síndrome coronariana aguda: Reduz risco de novos eventos trombóticos.
  • Por que usar?

    • Efeito previsível, sem necessidade de monitoramento rotineiro do TTPa.
    • Administração subcutânea facilita o uso fora do ambiente hospitalar.
  • Quando evitar:

    • Em pacientes com insuficiência renal grave, devido ao acúmulo do fármaco.
  • Comparação:

    • Preferida em profilaxia e tratamento ambulatorial pela conveniência e segurança. HNF é melhor em casos de emergência.

 

 

Varfarina

  • O que é?
    Um anticoagulante oral que inibe a vitamina K, reduzindo a síntese de fatores de coagulação dependentes de vitamina K (II, VII, IX, X).

  • Indicações:

    • Anticoagulação a longo prazo: Em pacientes com fibrilação atrial ou válvulas cardíacas mecânicas.
    • Profilaxia secundária de tromboembolismo: Após um evento de TVP ou EP.
  • Por que usar?

    • Ideal para uso prolongado, especialmente em pacientes que não podem usar anticoagulantes mais novos.
  • Quando evitar:

    • Gravidez (risco teratogênico) ou pacientes com baixa adesão ao monitoramento.
  • Alternativa:

    • Anticoagulantes orais diretos (e.g., apixabana, rivaroxabana) têm menos interações medicamentosas e não requerem monitoramento frequente, mas são mais caros.

 

 

Trombolíticos

Alteplase (t-PA)

  • O que é?
    Uma proteína recombinante que converte o plasminogênio em plasmina, dissolvendo coágulos existentes.

  • Indicações:

    • Infarto Agudo do Miocárdio (IAM): Quando a angioplastia primária não está disponível rapidamente.
    • Acidente Vascular Cerebral (AVC) Isquêmico: Dentro da janela terapêutica (até 4,5 horas após início dos sintomas).
    • Embolia pulmonar maciça: Quando há instabilidade hemodinâmica.
  • Por que usar?

    • Ação rápida na dissolução de coágulos, restabelecendo o fluxo sanguíneo em emergências críticas.
  • Quando evitar:

    • Risco de sangramento grave (e.g., hemorragia intracraniana recente).
  • Comparação:

    • Preferido em infartos e AVCs em contextos de acesso a cuidados avançados, devido à alta especificidade e menor risco relativo de efeitos adversos comparado à estreptoquinase.

 

 

Estreptoquinase

  • O que é?
    Um agente trombolítico que ativa o plasminogênio, promovendo a dissolução de coágulos.

  • Indicações:

    • IAM: Alternativa em locais com acesso limitado a angioplastia ou alteplase.
    • Tromboembolismo pulmonar: Em emergências críticas com menos recursos.
  • Por que usar?

    • Custo mais baixo em comparação com alteplase.
    • Eficaz em contextos de recursos limitados.
  • Quando evitar:

    • Uso repetido pode levar à formação de anticorpos, reduzindo a eficácia.
    • Risco maior de reações alérgicas e sangramento do que alteplase.

 

 

Dabigatrana

O que é?

Um anticoagulante oral direto que inibe especificamente a trombina (fator IIa), impedindo a formação de fibrina e, consequentemente, novos coágulos.

Indicações:

  • Prevenção de tromboembolismo venoso (TEV): Em cirurgias ortopédicas de grande porte, como artroplastias de quadril e joelho.
  • Tratamento e prevenção de TVP e EP: Após um evento inicial ou em profilaxia secundária.
  • Prevenção de AVC em fibrilação atrial não valvar: Reduz o risco de formação de coágulos associados à arritmia.

Por que usar?

  • Efeito previsível, com menos necessidade de monitoramento em comparação com varfarina.
  • Início de ação rápido (dentro de 1-2 horas), útil em manejo agudo.
  • Menor interação com alimentos e outros medicamentos, simplificando o manejo.

Quando evitar?

  • Insuficiência renal grave: Devido à excreção renal predominante, o acúmulo do fármaco pode aumentar o risco de sangramentos.
  • Pacientes com válvulas cardíacas mecânicas: Estudos mostraram maior risco de complicações tromboembólicas.

Comparação:

  • Contra Varfarina: Dabigatrana não requer monitoramento do INR e tem menos interações, mas é mais cara e menos apropriada para pacientes com insuficiência renal.
  • Contra Heparinas: É preferida em situações de prevenção a longo prazo ou quando a administração oral é mais conveniente, enquanto as heparinas são melhores em manejo imediato devido à ação intravenosa/subcutânea.

 

 

Resumo Comparativo de Situações Clínicas

Anticoagulantes e Trombolíticos
 
  • Profilaxia e tratamento de trombose: Heparina não fracionada ou Enoxaparina – Ação rápida e eficaz no manejo de tromboses.
  • Anticoagulação a longo prazo: Varfarina – Ideal para controle crônico em casos específicos, como fibrilação atrial ou válvulas mecânicas.
  • Infarto agudo do miocárdio ou AVC isquêmico: Alteplase – Rápida reperfusão tecidual em emergências críticas.
  • Tromboembolismo em locais com poucos recursos: Estreptoquinase – Alternativa econômica em locais sem acesso a alteplase.
  • Profilaxia de trombose após cirurgia ortopédica: Dabigatrana – Anticoagulação oral prática, com início de ação rápido e sem necessidade de monitoramento frequente.